Hoje um colega, na hora do almoço, começou a falar de política comigo! Aliás, política foi o 'grand finale', pois passeou sobre o caso do goleiro Bruno - com relação à lei penal e procedimento de criminalistica -, sobre se o Tiririca é ou não é alfabetizado e que deveríamos ter leis que proibissem estes 'tipos' de ser candidatos, reclamou sobre os rumos políticos no Brasil e no exterior (deu uma pincelada nesta nova crise do dólar, a moeda chinesa e o Real) e, finalmente, elegeu nossos governantes como sendo os errados nesta história toda, fechando com a máxima que "o povo é como um boi, forte, que está dentro de uma cerca e, se quisesse, poderia fugir, tomar seu próprio rumo... mas não faz isso porque é burro".
Comi minha marmita, lavei, sequei, encostei próximo às caixas de extrato de tomate e fiquei pensando naquilo.
Eu, na minha singela ignorância, acho que o povo colhe o que planta e a janta nestes próximos 4 anos que vamos ter que engolir, por conta de alguns 1,3 milhões de brasileiros, um Tiririca na Casa Federal.
Resultado da revolta da população, descrente com o rumo da política nacional? Um alerta para nossos governantes? Ou eleger um palhaço resolve ou resolverá, de algum modo, a palhaçada institucional que vivemos diariamente, com CPI's das mais variadas formas sendo criadas para tentar combater a praticamente institucional corrupção ativa/passiva em vários segmentos do governo, desvio de verbas, má conduta dos nossos eleitos e por aí vai?
Me pergunto se o Tiririca vai ser "o cara" que vai resolver nossos problemas, nossos anseios, quando, E SE pintar na casa federal, projetos como a tão sonhada Reforma Tributária. Ou será que vai ser o palhaço aquele que vai ditar os rumos das reformas prá lá de necessárias no nosso Código Penal, que data da metade do século passado, ou temas mais importantes, como o Fator Previdenciário?
Ria não, a coisa é séria! A gente, ou melhor, tem gente que fala muito, mas age pouco. Somos bois sim, praticamente iguais àqueles bois da música "Admirável Gado Novo", do Zé Ramalho! Fazemos parte da massa e aceitamos, bovinamente, os ditames dos ignóbeis. E quem são os ignorantes? Ora, o próprio povo, o povo que elege, o povo que não pensa e não age! Não tivemos 1,3 milhões de eleitores que apontaram o Tiririca para salvar nossa pele? Sim, minha gente... o Tiririca, assim como os demais 512, tem o dever de SALVAR A NOSSA PELE desta política que vem se arrastando na lama por anos a fio. Para quem não sabe ou se simpatizou com o jargão do palhaço, que dizia não saber o que faz um deputado federal, digo que eles tem três funções principais na Câmara:
1) representar o povo
2) legislar sobre os assuntos de interesse nacional e
3) fiscalizar a aplicação dos recursos públicos.
O cargo de Deputado Dederal é muito importante. Acima dele, pela lógica aristotélica, segue o do Senador e o próprio Presidente da República. Acredito que nestes próximos quatro anos, o Tiririca ainda vai continuar sendo palhaço, mas um palhaço eleito. Quem nele votou ou quem votou em políticos que não tem o "perfil" necessário para cargo de tamanha responsabilidade, pregou uma peça em si mesmo, e isso é fato. Agora também é inadmissível que estes 1,3 milhões de eleitores, diante da brincadeira de mal gosto, chegue numa hora e falem: "ah, este não é um país sério" ou "estes nossos políticos são todos farinha do mesmo saco" ou frases do gênero. Quem elege é o povo e do povo emana toda a vontade. Isso é DEMOCRACIA. Eu, bovinamente, vou aceitar o Tiririca, lógico, mas não dá para engolir a brincadeira com que se tratam assuntos sérios como estes.
Fui bater o ponto e encontrei este colega na escada. Perguntei para ele em quem ele havia votado e tive a resposta, na lata: "VOTEI EM BRANCO, porque político não presta".
Sabe aquela sensação de "eu não acredito" que vem subindo do estômago até chegar na goela? Eu juro que calei, senão iria vociferar mundos e fundos da minha extrema falta de educação, sério! Geralmente quem muito reclama dos rumos da nossa política são pessoas que não tem a mínima noção do que é ser cidadão. Acostumaram com a vida bovina, serem tocados para um canto, para outro, sem reclamar, perdem todas as esperanças de que alguma coisa vai mudar até virar bife. Ou melhor, RECLAMAM. Mas só reclamam, não conseguem tirar a viseira da ignorância, contentam-se com migalhas, não acreditam na força do voto, o chamado 'sufrágio universal'. Dá para conversar? Sinceramente, dá para dialogar sobre política com uma pessoa que NÃO VOTA? Dá para conversar com uma pessoa, ou melhor, dá para ouvir uma pessoa falar da atual conjuntura da política nacional, que está em desacordo com o pensamento dela, sendo que ela NÃO ELEGEU seus representantes para a câmara municipal, estadual, federal, seu prefeito, seu governador, seu senador ou seu presidente? O que o 'anarquista' quer? Quer que o voto não seja obrigatório, para ficar em casa, dormindo o domingo todo, aguardando o Fantástico de noite para saber quem venceu a disputa eleitoral para poder, na segunda, abrir a gaveta e retirar de lá o discurso pronto, que todos são corruptos, que o Brasil não tem jeito, que fulano está lá mamando nas tetas do Estado porque beltrano é do mesmo partido político e etc?
E depois dizem que o Tiririca, que entrou nesta por conta de um CARGO PÚBLICO, com seus benefícios mirabolantes e ajudas de custo estratosféricos, que é o palhaço...
