Usucapiendo nutella - a história do dia que eu e meu amigo tomamos posse de um pedaço de chão aqui na minha cidade.

sexta-feira, novembro 30, 2018 Clovisnáilton





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Meu amigo Tãozinho mora com seus pais. Aliás, essa era uma condição que ele não gostava muito, já que tem certa idade e, cá entre nós, já está bem na hora do passarinho bater as asinhas.

Eu também me incluo nesse pensamento, mas sair de casa e assumir as responsabilidades é um tanto... medonho! E fora que encarar o preço de aluguel, contas de água, luz, as compras do mês... ah não, fica muito caro.

Mas certamente, vai ter um dia que precisamos ter nossa independência, não é mesmo?

Numa conversa no Bar da Véia Lidu, eu e Tãozinho, tomando uma cerveja (ele tomando refrigerante) que meu amigo deu uma ideia muito boa da gente tomar posse de um pedaço de chão e construir um barraco. E a cada cerveja, mais e mais coragem que me dava o negócio.

Lá perto de casa tem vários, mas vários pedaços de terra que não tem dono. Mato mesmo, sabe? Pesquisamos na internet como devemos proceder para "usucapir" a terra dos nossos sonhos:

Usucapião é o direito que um cidadão adquire em relação à posse de um bem móvel ou imóvel em decorrência do uso deste por um determinado tempo. ... Os pré-requisitos fundamentais para a aquisição do são: a posse, por um determinado tempo do bem móvel ou imóvel, e que a posse seja ininterrupta e pacífica.
Fechou! No sábado, fomos lá para este terreno com enxadas e foices! Trabalhamos o dia inteirinho, mas inteirinho roçando o lote: a cada enxadada, sonhávamos que ali iria ser a churrasqueira, outra enxadada e sonhávamos que ali seria a garagem, outra enxadada e imaginava que ali seria a sala de estar e assim ia, uma enxadada, um sonho.

Delimitamos o espaço mais ou menos: 30 passos por 30 passos o meu lote, 30 passos por 30 passos o lote do Tãozinho, o meu amigo que seria meu vizinho.

No domingo levantamos cedo, todo estrupiado, e fui lá roçar o lote de novo. Mas o negócio estava ficando bom mesmo: cortávamos o mato todo, podávamos as árvores, aqueles galhos mais secos e deixamos o terreno lisinho que dava gosto.

A semana começou e trabalhávamos no Supermercado do Seu Barbosa doidinhos para acabar a jornada para, com o Pelomenos, irmos ao lote para "preparar a terra" para plantar milho e algumas mudas de árvores frutíferas que compramos. E começávamos por volta das 17 horas e íamos até o cair da noite, mas o negócio estava cada vez mais legal.

Na sexta-feira apressamos o preço de umas estacas de eucalipto e arame farpado, para cercar nossos lotes. Depois de tomar posse, iria ver com um pedreiro amigo para levantar um cômodo, ver como faz para ter água e luz e mudar para o lote.

Finalmente, no dia que estávamos plantando as sementes de milho e já quase na metade do plantio, apareceu uns 3 caras numa caminhonete perguntando o que estávamos fazendo ali. Meu amigo Tãozinho falou que estávamos plantando milho (o que era verdade) e perguntou "porque? Pode não?"

Menino... só vi um dos caras puxando uma espingarda da caminhonete...

- Esta terra tem dono! Sumam daqui, seus feladaputas...

Olha... eu só lembro que joguei as sementes pra cima, entrei no meu fusca, o Pelomenos, liguei o carro e fiz um verdadeiro rally até chegar na estrada!

Meu amigo Tãozinho tremia e chorava, visto que estava mais próximo do cara da espingarda do que eu... ele viu a vó pela greta, literalmente. Chegamos todos suados e sujos de terra lá no Bar da Véia Lidu. Pedi uma cerveja e olhei pra minha mão, cheia de calos. Mais de 15 dias roçando a terra dos outros, plantando na terra dos outros...

Ah, nem... 

Por isso anotei mais uma coisa que vou fazer depois que ganhar na Mega-Sena: voltar lá naquele lugar e comprar a porra o terreno todo do viado do cara que nos pôs para correr. 

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