Contos da Mega-Sena: sem nenhuma no momento

sexta-feira, janeiro 11, 2013 Clovisnáilton


Fechou a porta, franziu a testa, conferiu as moedas no bolso da calça social e caminhou a passos largos para a lotérica mais próxima. Os últimos sorteios da Lotofácil haviam deixado ele aguardando, mais uma vez, a hora de transformar sonhos em realidade. 

Puxou um cigarro, pediu fogo à um transeunte que passava. Recebeu de resposta que não tinha nenhum no momento.

Ora, ou tem ou não tem fogo - pensou ele, desta vez guardando o cilindro cancerígeno no maço.

Chegou no destino. Pegou um volante, marcou números que para ele significavam alguma coisa, como datas de aniversário, e ingressou na fila. Ao chegar na linda caixa, passou as moedas e o jogo. Pediu, também, que lhe desse o resultado do concurso anterior.

Aguardou...

E aguardou mais um pouco.

Recebeu o jogo não feito, suas moedas, e a confirmação que o sistema havia caído e que não teria previsão para retorno.

A fila alvoroçou-se atrás do pobre homem. Nem um, nem outro ousavam deixar o seu lugar garantido. Eram poucos segundos para o fim da tarde, seu jogo na mão, a certeza que iria ganhar... mas se fizesse o jogo.

Plantou o pé, dali não saía. Pediu que tentasse novamente, mas a resposta era que não tinha nenhuma no momento. Não tinha nenhuma resposta do sistema, não tinha conexão, não tinha sorte, não tinha fé, não tinha nada.

Tentaram baixar as portas e a casa já estava vazia, com exceção do pobre homem. Pela última vez, pediu. O sistema voltou, a moça, já desgostosa, tanto com o sistema quanto com o homem que por uma hora incomodou-a insistentemente para que fizesse o maldito jogo, passou o volante e o prognóstico foi aceito.

Lá pelas tantas, na paz do seu lar, bebericando uma cerveja e azeitonas, abriu o computador, acessou o site lotérico e conferiu o resultado.

Fica pra outra vez.

0 comentários:

Postar um comentário