Quarta de Poema
Esperança
Ouvia dizer para ter esperança
Que as coisas iriam mudar, que poderia mudar
De vida? De cidade? De esposa?
Mas devia ter esperança
Sempre
Igrejas, santuários... até museus, se tivessem em seu caminho
Perseguia, esperança, em todos os lados
Cantos? Frestas? Esquinas?
A esperança um dia iria vir
Esperava
Para tantos anos de espera nas filas das lotéricas
Dos sonhos, dos desejos
Um bicho com patas sujas marcou seu volante
Tettigoniidae? Tanto faz...
Inseto
Cada pata, um número
Cada sujo, uma marca
Seis marcas no papel verde
Graxa? Tinta? Óleo?
A esperança morreu esmagada em cima do volante da Mega-Sena
e os seis números não jogados vieram para seu funeral
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