Divagações sobre relacionamentos, amor, novelas, beijos e ciúmes.
O ser humano não nasceu para viver só. Essa é a premissa máxima da nossa sociedade: juntamos uns com os outros em busca de proteção, segurança e para que não nos extinguirmos como raça.
Eu amo, tu amas, nós nos amamos. Sempre foi assim... e, desde que inventaram a tal da fidelidade, ou até antes, existia o tal do ciúme.
O ciúme é um mal necessário, penso eu. Com o ciúme, o casal tende a permanecer unido, uma vez que se descoberto, por exemplo, uma puladinha de cerca, arde o ciúme e o relacionamento vai pro espaço.
Assim é na minha família, na sua família, na família do vizinho... até mesmo com aquele casal de atores apaixonados, que desfilam semanalmente nas páginas dos tabloides de fofocas.
Eu achei que atores não tinham ciúmes, mas me enganei redondamente. Eu achava que, se o marido é ator e a esposa é atriz, o que fica nos set de filmagem fica no set de filmagem, assim como Las Vegas (acho que vi isso num filme) e que, por exemplo, o ator dá um beijão técnico em outra atriz (que não seja sua esposa) as coisas estariam na esfera profissional, do trabalho, do trampo mesmo.
Eu, por exemplo, homem do povo, comum, como a maioria de nós, reles mortais que não aparecem em filmes nem novelas, se pego minha namorada, noiva ou esposa, de beijos com outro homem é separação na certa! Nós temos ciúmes, nós prezamos por um relacionamento sério e duradouro. E isso vale para o contrário também: a namorada, noiva ou esposa pega o seu parceiro de chamego com outra, é vassourada e a porta da rua é serventia da casa.
Mas o ciúme no meio artístico é muito comum, e geralmente ocorre quando (olha pra você vê a dualidade) os dois tem a mesma profissão.
Estranho isso, não é? Mas observa isso mais atentamente que você chegará a mesma conclusão...
Se eu fosse um empresário, um dono de indústria ou congênere, e estivesse casado com uma atriz talentosa, linda, maravilhosa, cheirosa e inteligente que dói, sendo ela a estrela da novela ou filme, juro, nem passaria perto de ver cenas dela, logicamente, trocando saliva técnica com outro ator. É porque a gente não é do meio, a gente não é treinado espiritualmente para isso: vai dizer que não aflora o ciúme? E nas festinhas de fim de ano, sua esposa e o ator do beijo técnico, se cumprimentando e etc e você só observando ao longe... não, isso não é para quem não é do meio.
Lembrando aqui, li numa revista ou vi na televisão uma vez que um repórter entrevistou um marido de uma atriz principal de novela, ou seja, que tinha um par romântico, e ele disse que, quando tinha no episódio uma cena amorosa, ele nem assistia o capítulo.
Se os olhos não vêem, o coração não sente, não é mesmo?
Por isso eu acho que atores namoram, noivam, casam e se relacionam, não necessariamente nesta ordem, entre eles por conta desta capacidade de dissociar, no trabalho, o que é profissional de uma situação onde o restante de nós julgaria como de extrema "safadeza", no bom sentido. Deve existir um treinamento estilo da KGB ou CIA para que não se sintam como o restante de nós, que morrem de ciúme do seu parceiro, do seu amado par para a vida eterna, amém.
Ou, pensando aqui, eles também são instruídos a não verem ou tomarem conhecimento das cenas românticas dos seus pares na vida real, como ocorre quando o outro também não é do meio.
Imagine só o ator, bonitão, que pega a atriz linda e maravilhosa, quando chega no futebol de sexta-feira, recebe os cumprimentos dos amigos da pelada pela atuação fenomenal durante a semana toda, onde o par romântico da novela se beijam e se acariciam constantemente. Agora imagine a atriz, linda e talentosa, quando chega no cabeleireiro, e ouve das clientes, todas com ataque de calor só de relembrar do que viram na telinha, que adoraram as cenas de amor entre ela e o super-galã do folhetim das oito, dizendo que custaram a dormir naquela noite...
Agora imagina só o contrário: o ator bonitão, casada com uma atriz linda e maravilhosa, quando chega no futebol e os amigos comentam a cena em que a esposa dá um trato legal num outro galã da televisão; de outro prisma, a atriz linda e talentosa chega no cabeleireiro e ouve das clientes a cena em que seu marido dá uma chamada na chincha numa outra atriz do folhetim após o jornal.
Rola ciúme?
Na hora sim, aposto. Mas isso eu falando. Os atores, quem sabe...
É trabalho! Assim como acho que a cabeleira não vai chegar para seu marido, tarde da noite, e contar os detalhes dos cabelos que lavou, escovou, penteou e nem o marido boleiro vai chegar do futebol, da sexta-feira, e contar para a esposa os gols que fez, os dribles que deu no seu amigo e muito menos o que fez durante o seu expediente de trabalho, os atores, imagino eu, também não se comunicam nesse sentido sobre como ficaram beijando por mais de uma hora para determinada cena ficar perfeita. E isso falando só de beijo técnico.
Como a palavra diz, é tudo técnico.
Até que floresce o tal do ciúme...
É, deixa eu trabalhar porque senão não beijo ninguém...
0 comentários:
Postar um comentário