Em época de desespero, jogue na Quina...

quarta-feira, abril 05, 2017 Clovisnáilton

A gente acompanha o noticiário do nosso país todo dia e parece que é história para boi dormir. Fala-se muito, discute-se muito mas, efetivamente, nada muda.

Quem comanda está sempre no comando. As melhorias ficam só no papel. A corrupção é desnudada, todo mundo sabe quem são os ladrões mas, gente na cadeia mesmo, ainda nada.

E a economia em frangalhos. É notícias de suborno, de bala perdida, é mais um jovem que morre pela insegurança nas cidades (e no campo), é um escândalo a cada dia, é caso de assédio, é o nosso cotidiano.

Vez ou outra penso que não temos mais poder de mudar isso. Olho para o horizonte político e não vejo nenhuma salvação, nem um bote salva-vidas, ou um pedaço de madeira flutuando neste mar de podridão...

... e a vida continua cada vez mais difícil para a gente aqui, que acorda cedo e põe a cara à tapa!!

Pensando nisso, fiz um joguinho na Quina ontem. Era o jogo do dia, uma aposta simples, cinco números, algumas moedas. Era o dinheiro que poderia comprar um salgadinho no centro, ou juntar para uma passagem de ônibus, mas também poderia ser uma passagem para fora daqui, desta confusão, deste imbróglio que vivemos todos os dias.

Fui trabalhar de tênis ontem, como quase todos os dias. Estava um tempo frio, o sol estava se pondo e resolvi caminhar. Andando pelas ruas da cidade, vendo carros, vendo gente, vendo a vida nua, escancarada para todos apreciarem. Camelôs, alguns indo embora e outros ainda tentando vender suas bugigangas como chinelos é água "mineral"... gente correndo atrás do ônibus que já passou... algumas ignorando todo o movimento e se beijando em plena avenida... e eu, absorto em pensamentos.

Vontade de sumir.

A marmita batia na mochila a cada passo dado. No meu bolso, dentro da carteira, um jogo simples da Quina que poderia ser a chave para todos os problemas: qualquer quinhentos mil valia a passagem, ou para um lugar distante ou para uma vida diferente.

Andei até certo lugar, onde pra lá seria estrada. A vontade de continuar andando continuava, a conversa comigo mesmo estava boa, mas o caminho em diante já beirava o perigoso. Parei no ponto de ônibus, escondi o celular, aguardei passar o coletivo - lotado, como sempre - e continuei o caminho para casa.

Conferi o jogo pela manhã, com o pensamento positivo. Fiz um duque, acertei dois números. Não, não me decepcionei tanto, pelo contrário. Eu ainda acho que minha vez vai chegar...

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