História para quem joga...

sexta-feira, dezembro 17, 2010 Clovisnáilton

Fantástico, simplesmente fantástico o post do blog do Beto Silva do Casseta! Olha para você ver este conto...




História pra quem gosta de jogar na mega-sena


Nesses tempos em que a mega-sena volta e meia acumula e paga 20 milhões de prêmio, eu me lembrei dessa história. Conheci o cara numa banca de jornal. Parei pra folhear uma revista e o cara puxou papo.

- Tá vendo aquela revista de fofocas ali? Eu podia estar ali, naquela revista.

Olhei pro sujeito, feio e mal vestido e , antes que eu perguntasse pra ele, “você é o famoso quem?” , ele mesmo respondeu:

- Não, eu não sou famoso não! É que eu podia estar milionário e aparecer nessa revista . E em várias outras. Mas não rolou…

- Que pena! – fingi que lia alguma coisa num jornal, mas não adiantou, o cara queria contar a sua história.

- Um dia a minha mulher acordou me enchendo o saco, dizendo que sonhou com os seis números. Me deu os números e me pediu pra jogar na mega-sena. Enrolei o dia todo e no final da tarde saí pra comprar o bilhete. No caminho pra lotérica eu passei aqui no jornaleiro e vi uma Playboy com uma mulher gostosa pra caramba, uma que trabalha em um monte de novela. Sou maluco por ela. Quando eu já tava indo embora, o jornaleiro daqui, que diz que é meu chapa, me chamou e me mostrou o pôster central da revista. Eu pedi pra ver o resto , mas ele falou que só comprando. Marqueteiro filho da puta! Comprei a revista. Fiquei sem grana pra pagar o jogo e tive que voltar pra casa pra pegar mais dinheiro. Quando eu cheguei de novo na Lotérica a fila tava enorme. É que a mega-sena estava acumulada 4 vezes. Eu pensei: não vai dar tempo! Ah, tudo bem, eu não sou homem de ficar por aí enfrentando fila só pra ficar bilionário! Voltei pra casa sem jogar. Aí se deu o pior.

- Sua mulher ficou furiosa porque você não jogou os números dela?

- Não, ela nem lembrava mais que tinha me pedido pra jogar. Acho que não lembrava nem quais eram os números que ela tinha sonhado.

- Então tudo bem!

- Tudo bem nada! Eu joguei o papelzinho com o palpite da minha mulher fora, mas não adiantou, eu lembrava dos números! Eu podia ter esquecido, nunca ia saber que os números da minha mulher foram sorteados , que o palpite era perfeito. Mas não, eu tinha decorado os números! Sabia eles de frente pra trás e de trás pra frente! Em ordem e fora de ordem! Podia fazer milhares de coisas pra esquecer os tais números, contar até 1.000, ficar lendo um monte de número na lista telefônica , mas não fiz nada! E mesmo não jogando e mesmo sabendo os números de cor, eu ainda tinha a chance de não saber o resultado da porra do concurso da mega-sena. Eu podia não ler o jornal com o resultado, não ver o noticiário da televisão e não passar na frente da casa lotérica por uns tempos. Mas eu soube o resultado!

- Que chato, hein!

- Pois é, agora eu to aqui de novo com esse dilema. Minha mulher acordou de novo com um palpite. Pedi pra ela escrever os números , mas nem abri o papelzinho que ela me deu. Tá aqui, ó! – me mostrou um papelzinho.

- E por que o senhor não joga?

- Tu já viu a revista com as duas gostosas do Big Brother? Pois é, eu comprei com a grana da mega-sena da minha mulher. Mas dessa vez eu não sei os números. Quer comprar?

Ele me ofereceu o papelzinho. Insistiu tanto que acho que comprei só pra me livrar daquela mala! E com o papel na mão , o que você faria? Jogava fora? Claro que não! Enfrentei a fila de dois quilômetros pra jogar na mega-sena acumulada. E o que é pior, acabei decorando os números. Já são quarenta semanas jogando nesses mesmos números ! E eu tenho certeza que quando eu deixar de jogar, os números da mulher do filho da puta vão ser sorteados!

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