SÃO PAULO - Uma cena relativamente comum no País são casas lotéricas lotadas, especialmente quando a Mega-Sena acumula. Embolsar de uma só vez uma bolada de R$ 115 milhões - valor a ser sorteado nesta quarta-feira (6) e que é o maior oferecido pelo concurso nos sorteios regulares - é quase irresistível.
Afinal, quem não gostaria de se transformar em um milionário da noite para o dia? Entretanto, em meio à tamanha euforia, muitos dos tais sortudos podem se atolar em dívidas e ver suas fortunas reduzidas praticamente a zero.
Poucos são aqueles que optam por esbanjar menos e aplicar os milhões recebidos. Contudo, a tarefa vale a pena, afinal, o propósito de poupar é multiplicar ainda mais seu patrimônio e, assim, poder gastar ainda mais no futuro. Mas o que exatamente fazer com tanto dinheiro?
Realize seus sonhos, mas sem extrapolar
O grande segredo para conseguir manter o dinheiro é a educação financeira, já que um erro comum é se deixar levar pela emoção de ganhar tamanho prêmio e não analisar corretamente o que pode – e o que não pode – ser feito com ele. Engana-se quem pensa que só porque ganhou a bolada virou milionário.
Ainda que tecnicamente você seja um milionário, a verdade é que esta quantia pode não ser suficiente para garantir um estilo de vida como tal para a vida toda. Afinal, manter uma casa em um bairro de alta renda e carros zero na garagem exige muito mais do que se imagina e, como se sabe, o dinheiro não dura para sempre.
É importante ter um estilo sustentável. Ganhar milhões não permite que você tenha o mesmo estilo de vida das grandes celebridades nacionais! Lembre-se de que muitos deles recebem de graça quase tudo o que precisam.
Controle os impulsos!
Outro grande erro é pedir demissão para concretizar o sonho de abrir um negócio próprio. O problema, neste caso, é a falta de experiência administrativa. O resultado, então, é a pessoa se atolar em dívidas. Alguns ainda optam por franquias, mas saiba que as mais fortes exigem mais investimento.
Outro impulso de quem ganha a bolada é querer ajudar a todos. Os ganhadores acabam sendo alvo de incontáveis pedidos de favor ou empréstimo, feitos por amigos e familiares. Julgando ser sua responsabilidade repartir com os mais próximos, rapidamente acabam vendo boa parte do dinheiro desaparecer.
É bastante fácil gastar, sobretudo quando se conta com a ajuda de outras pessoas que não estão preocupadas com a sua saúde financeira. Com novos limites no cartão e no cheque especial, estas pessoas acabam gastando muito mais do que deveriam e, em pouco tempo, o impensável acontece, e estão no vermelho, com uma dívida que nem sabem ao certo como foi acumulada.
Pois saiba que todos sairão ganhando se, em vez de você se entregar aos desejos de consumo e sair por aí ajudando a todos, souber aplicar o dinheiro.
Como investir?
O primeiro passo é reservar o quanto você pretende gastar a priori. Ninguém está falando em se privar de realizar alguns sonhos de consumo, como casa e carros novos, mas de não extrapolar.
Feito isso, o ideal é diversificar os investimentos, lembrando que encher a garagem de carros importados e o cofre de joias não é uma boa saída, já que caso precise vender, certamente incorrerá em prejuízo.
Para não correr riscos desmedidos e evitar prejuízos milionários, o ideal é aplicar a maior parte da bolada em investimentos menos agressivos, que embora apresentem taxas de rentabilidade um pouco menores, não trazem riscos muito grandes e ainda garantem uma boa renda para o futuro.
Só para ter uma ideia, caso os R$ 115 milhões sejam totalmente aplicados na poupança - um investimento altamente seguro, mas em contrapartida um dos menos rentáveis do mercado - , o ganho mensal seria de nada menos que R$ 700 mil!
Outras opções
Quem optar por fugir da poupança, mas ainda preferir uma aplicação mais conservadora, pode ficar entre os fundos referenciados DI, tesouro direto, e outras aplicações de renda fixa tradicionais, que seguem o conservadorismo da tradicional caderneta, mas com rentabilidades mais atrativas. A recomendação é que a maior parte do dinheiro esteja em aplicações como essas, mais seguras.
Mais uma alternativa válida é o mercado imobiliário, que vem se mostrando aquecido no Brasil nos últimos anos e que pode resultar em bons rendimentos com base no pagamento de aluguéis mensais. 
Arriscando um pouco mais
Feito seu "pé de meia" para o futuro, arriscar um pouco também é aconselhável, visto que aplicações mais agressivas podem ter retornos importantes no longo prazo. E com tantos milhões investidos em categorias mais conservadoras, você estará devidamente protegido quanto a eventuais prejuízos que possam vir a ocorrer e bem posicionado para multiplicar ainda mais seu patrimônio.
Para aqueles que não estão acostumados com o mercado de ações, que não costumam acompanhar de perto o andamento das bolsas ou mesmo para aqueles que não têm muito apetite pelo risco, uma opção interessante são os fundos multimercados. Mais expostos ao risco do que fundos como renda fixa e DI, tais aplicações, em contrapartida, apresentam um potencial de ganhos maior, sem incorrer no risco de uma exposição total em fundos de ações.
Reservar 20% de seu patrimônio a tal categoria é o ideal, enquanto que os fundos de ações passivos podem receber 10% do montante. Mas se você se considera uma pessoa de perfil arrojado, uma alternativa são os fundos de ações ativos, cuja performance dependerá inteiramente de suas escolhas e que, portanto, são recomendados apenas aqueles que possuem maior familiaridade com os mercados financeiros.
Peça ajuda
Se bem aplicado, o montante que será sorteado pode trazer mais tranquilidade financeira, mas é preciso calma para tomar a decisão correta sobre em qual modalidade investir.
Quem não está habituado - nem com grandes quantias, nem com o mundo dos investimentos -, em geral, acaba mais vulnerável. Portanto, é importante contar com profissionais capacitados e independentes para ajudá-lo em sua estratégia.