Caminhada... ô!

terça-feira, maio 25, 2010 Clovisnáilton

Tomei todas no bar da Véia Lidú no sábado. E foi muita Kaiser, misturei com Brahma e Schin... e tomei também umas doses de Velho Barreiro. Comemos algumas porções de fígado acebolado e outras carnes na chapa e, literalmente, chapamos o melão. Você deve estar se perguntando, porque lá? Ora, teve que ser lá no bar mesmo porque eu estava sem grana, lembra? Pois então... a viagem etílica começou por volta das 14:00 horas e terminou quase de madrugada, um gólo ferrado de magnitude 7.9 na escala Richter. Resultado, fui dormir bebaço.


 No domingo, bem cedo, minha mãe, dona Cotinha, me chama. Aliás, quem me chamou foi o meu amigo Tãozinho, aquele que virou crente, lembra? Pois é... ele passou lá em casa para me chamar para fazer uma caminhada com ele. Acordei com gosto de corrimão de zona na boca, um beiço colado no outro, parecendo que chupei guarda-chuva. Ou seja, estava podre! Mas eu havia prometido que iria nesta caminhada e, Deus me perdoe, prometer alguma coisa para o Tãozinho e não cumprir é pior que a morte. Comi um náco de pão, um copo de leite desnatado (o normal havia acabado... ou não achei), coloquei um short, uma camisa, meu tênis e fui com ele, quase arrastado. 


Andamos alguns quilômetros até chegar lá, neste lugar onde todos caminham. Graças ao Senhor, é tudo retinho, não tem subida para fuder com a gente. Fizemos lá o alongamento, estiramos os músculos todos e, depois de alguns minutos, pusemo-nos à andar. Andamos uns cinqüenta passos quando o Tãozinho começou a trotar...


- Que isso, Tãozinho?
- Uê... vâmu corrê, Cróvis...
- Que correr o que, cara... tá doido?
- Mái corrê qui ié bôm, sô...


E começou a correr, aquela corridinha inicial de corrida, sabe? Eu pensei e achei que dava para acompanhar. E consegui, até. De caminhar, passamos a correr. Tãozinho parecia um queniano na São Silvestre: aumentava o ritmo das passadas e eu, para não ficar para trás, corria atrás. Eu já nem sentia mais os pés batendo no chão de tão rápido que estávamos, quase profissionais da corrida mesmo. Suava tudo que tinha bebido no dia anterior, pode ter certeza. Pingava do cabelo para o nariz, do nariz para o ombro, do ombro para debaixo do braço, o suor descia as costas e parava no short. A camisa estava ensopada... aliás, eu parecia que havia saído do chuveiro. E a ressaca? Acho que estava dominada, dominadinha.



Corremos. E muito. No meio do trajeto, falei ao meu amigo que estava com sede. Ele disse que no final do caminho, tinha uma biquinha, onde tinha água potável. Velho... aquilo me animou. Sabe quando você tá com sede e deseja um copo d'água? Eu tava daquele jeito, numa sede tão fudida, mas tão fudida que lambia meu próprio suor que minava da testa, para matar a sede. Ô sede fudida.


E corremos mais, mais e mais... e parecia que o final do troço não chegava nem fudendo. Comecei a sentir uma fisgada na coxa, mas o queniano não parava nem à pau. E eu iria ficar pra trás, pra ele chegar no supermercado e dizer que eu sou frouxo na corrida? Nem à pau, Juvenal. 


Lá no supermercado é assim: se você vacila, eles pegam  no seu pé por mais de um mês direto. Teve uma vez que o Bochechinha mijou na calça depois que um outro colega contou uma piada de português (um que ele queria ensinar para a Maria uma foda nova). Pra quê! Até o Seu Barbosa começou a chamar o faxineiro de "bexiga solta", só para você ver. Mas voltando ao assunto da caminhada/corrida, eu já não aguentava mais de tão cansado que estava e com a sede que queimava minha língua quando, finalmente, chegamos lá no final do trajeto. 


Ôôôôôôôôôôôôô, fi... Ôôôôôôôôôôôôô, fi... que agonia! A água estava imprópria para consumo, fii... tava uma placona lá, dizendo que a água estava fudidooooona, fiii! Já imaginou? Depois de correr feito um burro, ou melhor, feito um semi-queniano numa final de São Silvestre, de ressaca, sem preparo físico nenhum, morrendo de sede e sabendo que no final do arco-íris tem um pote de água... a água tá sambada? O pessoal da Defesa Civil tava fechando a fonte, gente! Fechando a fonte, dá para acreditar? E meu radiador? SECO! Gente... não tenho mensurar meu desespero por um copo d'água naquele momento. Ouvia o som cristalino daquela delícia molhada caíndo sem parar da biquinha, tchááááá... e não podia beber. Até tentei ver com uma das moças lá, se dava para só molhar o beiço... mas ela foi taxativa, falando que poderia ser transmitida doença, morrer, ir ver Papai do Céu e coisa do gênero. Fudeu. Tãozinho também tava com sede, mas minha sede era de RESSACA BRAVA. Precisava beber água. Neste desespero, pegamos o caminho de volta.


Nós vimos um carrinho de um ambulante que vendia água lá pelo quilômetro dois. Quilômetro DOIS, negada! Estávamos no final da pista, quase no quilômetro 10, minha gente. E vamos voltar...


Fiii... quando chegamos na barraquinha do tio, lembrei que não tinha nenhuma moeda no bolso. Tãozinho tinha uma prata de R$ 1,00 solitária. Comprou uma garrafinha, congelada. Abriu. Deu uma golada. Meu olho não despregava da garrafa azul, linda garrafa azul, maravilhosamente gelada. "Quer?" e eu já zunei na mão do meu amigo. Sensação indescritível. O gole desceu mais redondo que uma Skol, te juro. Foi escorrendo garganta abaixo, refrescando o radiador, matando o que estava me matando. Por um momento, percebi como deve ser  péssima a vida de quem fica num deserto, sem água nenhuma para beber... e encontra um oásis, uma fonte de água cristalina, a salvação da lavoura. Beber água é bom demais! Ainda mais quando o cara tá numa ressaca fudida e correndo quase 10 quilômetros (para manter a forma) numa prazeirosa manhã de domingo.Nem lembrei de nada de Mega-Sena...


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