Leitura obrigatória: ganhar na Mega-Sena

segunda-feira, outubro 31, 2011 Clovisnáilton

Acordei e vi que meu quarto estava diferente. Olhei no criado mudo e estava lá um aparelho estranho, que nunca tinha visto na vida! Era um tipo de relógio, mas que em vez de horas, mostrava um valor: R$ 49.672.986,25 e, minuto à minuto, o valor subia alguns reais.


Achei aquilo estranho. Que aparelho seria aquele? Peguei e vi que ele estava conectado à alguns fios, da internet. Pensei: "deve ser um tipo de computador" e li, embaixo, que era sim um visor de toda o dinheiro que eu possuía, seja em poupança, ações, imóveis e etc.


Eu era milionário!


Olhei para meu quarto, uma cama de casal enorme, quadros na parede, um quarto do tamanho de uma casa, coisa de primeiro mundo. Calcei um chinelo felpudo, coloquei um roupão e desci as escadas. Lá embaixo havia uma mesa de café da manhã sortida, muitas frutas, guloseimas, coisa de novela. Depois de me fartar, subi novamente para o quarto, entrei no banheiro... e que banheiro! Depois de um bom banho, abri o guarda-roupas e fiquei embasbacado com tanta roupa fina: camisas, calças, tênis e sapatos de marca, todos de ótima procedência, todos muito bem trabalhados. 


Depois de me vestir, desci novamente as escadas e não vi ninguém! Atrás da porta da sala, havia algumas chaves de carros. Peguei uma, desci mais um vão de escadas e cheguei à garagem! O que vi foi de encher os olhos de alegria: muitos automóveis de luxo! Apertei o botão do alarme e um Camaro vermelho ascendeu as luzes. Dirigi ao carro, liguei o motor, coloquei um som, peguei um óculos de sol e saí dirigindo pela cidade. 


O celular, de última geração, tocou. Era uma mensagem dizendo que tinha uma reunião importantíssima de negócios para daqui a 3 horas numa determinada empresa, em determinado lugar. Dirigi para o bairro, muito luxuoso, onde só se via também pessoas bem vestidas, automóveis de luxo, tudo do bom e do melhor. Parei o carro num estacionamento e, quando fui entregar a chave, vi, pela primeira vez naquele dia, uma pessoa humilde. Era o rapaz que trabalhava no estacionamento.


- E aí, tudo bom?
- Tudo, senhor...
- Aqui, deixa eu te perguntar uma coisa... você pode achar estranho, mas você é a primeira pessoa, bem... é, pessoa...
- ... pobre?
- ... sim, pobre, uma pessoa pobre que vejo. Que está acontecendo com o mundo?
- Ah, sim... neste mundo, todo mundo é rico, senhor!
- Todo mundo?
- Sim, todo mundo!
- Ahhhh... tá certo!
- Só isso, senhor?
- Sim... ah, por acaso, tem uma lotérica aqui por perto?
- Ah sim, no segundo quarteirão à sua esquerda! Vai lá fazer uma fezinha?
- Lógico que sim... até mais!
- Até!


E fui lá na lotérica. Estranhei, porque não tinha nenhuma fila. Peguei o volante da Mega-Sena, que estava bastante acumulada (algo em torno de sessenta milhões), marquei seis números, abri a carteira e custei a acreditar no que vi: só tinha notas de cem reais nela. Fiquei sem graça e, já que tinha grana para caralho, fiz 49 surpresinhas! Cara, você precisava ver a cara da atendente! Aliás, a atendente também parecia ser uma pessoa humilde... era a segunda pessoa, podemos dizer, trabalhadora, que tinha visto naquele dia.


Fui para a reunião e fiz um ótimo negócio, que me rendeu mais alguns milhões de reais. Já era tarde quando voltei ao estacionamento pegar meu carro. Segui para minha casa, aliás, mansão! Novamente, ninguém lá! Tomei um banho, abri uma cerveja importada, tomei uma, duas, três, liguei meu iPad e conferi o site da Caixa Econômica, na Mega-Sena: 1 acertador e da cidade. Corri, peguei os bilhetes que havia feito e, inacreditavelmente, tinha lá um bilhete com os 6 números sorteados! Que beleza!


No outro dia, pela manhã, abri os olhos e vi o 'dinheirômetro': R$ 52.983,736,64. QUE MARAVILHA! Com o negócio que tinha feito na tarde de ontem, ganhei alguns bons milhões e esta grana iria dobrar de tamanho, porque eu havia ganho na Mega-Sena.


Tomei banho, tomei um café, peguei um Jaguar que estava na garagem e fui para o mesmo bairro que fui no dia anterior. Deixei o carro, inclusive, no mesmo estacionamento...


- Bom dia...
- Bom dia...
- Onde tem uma Caixa Econômica por aqui?
- No mesmo quarteirão da casa lotérica, senhor...
- Ah, ok! Obrigado!


E fui para lá! Chegando, procurei o gerente e mostrei o bilhete da Mega-Sena, sorteado! Ele me deu os parabéns e arrumou as papeladas todas! Total do documento: R$ 73.857.821,34... NEGATIVOS!


Peraí... negativos?


Questionei ao gerente:


- Aqui, deixa eu te perguntar uma coisa! Este sinal aqui, negativo... tá errado não?
- Como, senhor?
- É que eu ganhei na Mega-Sena, certo?
- Sim, o senhor ganhou...
- Mas o valor tá negativo!
- Sim, é exatamente isso! O senhor ganhou menos setenta e três milhões, oitocentos e cinquenta e sete mil, oitocentos e vinte e um reais e trinta e quatro centavos! Já está debitado em todas as suas contas, seja poupança, seja corrente, seja ações ou outros fundos de investimento. Bem vindo à pobreza!
- Peraí, peraí... não estou entendendo nada...
- Senhor, quem acerta os números da Mega-Sena tem o valor debitado! Todo mundo sabe disso neste mundo!


Neste mundo pode ser, mas no meu mundo nunca! Corri pra minha mansão, que já tinha uma placa de vendido na entrada. Corri para meu quarto e vi o dinheirômetro com a marca: R$ 20.874.084,70... em vermelho!!!


Meu guarda-roupas estava vazio! Meus carros, todos se foram! Na mesa da sala, um pão com salame e um pingadinho de café com leite! Estava pobre e devendo! Antes de desocupar a minha mansão, havia um bilhete em cima de umas roupas, dizendo para deixar as roupas que eu estava usando! Fui tirando elas e vestindo uma camisa, que li na etiqueta "C&A", uma calça da "Riachuello" e um tênis com o solado gasto.


Fui andando à esmo, sem saber direito o que tinha acontecido. Quando me dei conta, estava em frente ao estacionamento que momentos antes, tinha deixado meu carro! Lá, questionei o porque daquilo tudo ao cara que lá trabalhava:


- Não estou entendendo nada... antes eu era rico, milionário... aí joguei na Mega-Sena, acertei os números e perdi tudo!
- Cara, você também acertou os seis números? Eu também acertei. Antes eu era também milionário, rico, mas muito rico mesmo! Aí um belo dia, dei a sorte de acertar os números e perdi tudo! Graças à Deus!! Bem vindo ao seleto mundo dos pobres, meu amigo sortudo!
- Que isso, cara... eu continuo não entendendo nada! Que porra de mundo é este?
- Aqui neste mundo todo mundo é rico! Todo mundo tem posses, todos tem educação de primeira, todos tem patrimônio, enfim, todos são deste jeito. Mas poucas pessoas não tem onde morar, como eu, que precisam trabalhar para pagar suas dívidas, como eu, que trabalham até mais de 8 horas por dia, como eu, para receber um salário de miséria, como eu! Falando nisso, se você quiser, te arrumo um emprego num supermercado lá na periferia! É o máximo, viu?
- Nnnnnnnnããããããããããããããããããããoooooooooooooo....


Acordei todo suado! Eu havia sonhado, meus amigos, sonhado! Neste sonho, tudo era o contrário, todos os sonhos e almejos que um apostador de loteria tinha, era o contrário!


Levantei, lavei o rosto, sentei no vaso e me coloquei à lembrar do sonho. Você sabe que se você sonhar e não se esforçar para lembrar do que sonhou, você simplesmente esquece que sonhou? Esquisito isso, mas se você sonhar e quiser lembrar o que sonhou, você tem que acordar (lógico) e pensar bastante no sonho, para ficar gravado na sua memória! Caso você não faça isso, ele é simplesmente descartado pelo nosso cérebro. Eu aprendi isso lendo em algum site...









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