
O Mato Grosso é o início do mundo!
Gumercindo e Maria do Sacramento. Ele apaixonado, ela filha de religiosos. Amor platônico do homem, e a mulher só na reza! Nunca se beijaram, nenhum afago nos cabelos escuros e longos da bela morena, pais não deixam, nunca deixariam, rapaz pobre. Naquele rincão que é Mato Grosso, resolveu que Maria do Sacramento seria sua esposa para o resto de sua vida de jagunço. Começou montando a casinha. Sorrateiro, certa feita lhe pediu um beijo no final da missa: negou! Pensou em comprar um anel de noivado, mas a família, com medo de esposar sua única e preciosa filha com um homem sem posses, negou! Se quisesse, Maria do Sacramento enfrentava a mãe, beata como só, e quem sabe fugiriam os dois daquela cidade no meio do nada para viver um conto de fadas... mas não. De boca miúda, diz o povo que gostava mesmo de Quinzinho do Zé da Quitanda, filho do próspero comerciante do local. Gumercindo nada sabia destas e outras histórias, era apaixonado pela bela morena, Maria do Sacramento. Fez a casinha, ajeitou o terreiro, comprou um galo e algumas galinhas, pensava em lá criar algumas cabeças de gado... mas o sonho mesmo era ter Maria do Sacramento em sua cama, ser mãe dos seus filhos! Belo dia, entrou na casa dos pais da donzela e pediu a mão da sua filha em casamento. Oficializou o sonho... tomou um não pelas ventas! Dos pais e, mais dolorido, do próprio amor da sua vida, que lhe confidenciou que gostava de outro! Entristeceu, passou a beber, virou um trapo! Com um troco, fez um jogo na Mega-Sena e, como todo Deus é bom com os coitados e desiludidos da vida, Gumercindo ganhou! A vida mudou, Gumercindo agora é milionário, rico e próspero filho da cidadezinha quase sem nome do Estado do Mato Grosso! Maria do Sacramento veio lhe oferecer seu amor, mulher que nunca lhe abriu um generoso sorriso, agora ofertava o meio das pernas, lindas pernas torneadas! Juntou o que tinha mais de apreço e pegou a estrada, o jovem Gumercindo, levando consigo somente a dor de um homem apaixonado e uma foto da virginal Maria do Sacramento, morena faceira e dona do coração daquele jagunço. Antes de sair de vez da cidade, gritou para todos ouvirem: Mato Grosso é o início do mundo e aqui não volto nunca mais!
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